Wall Street fecha em alta: investidores ignoram os fracassos da Alphabet e apostam no futuro
Os mercados acionários dos EUA encerraram a sessão de quarta-feira com uma recuperação sólida, revertendo as perdas da manhã. Apesar dos decepcionantes resultados financeiros da Alphabet, os investidores mantiveram o otimismo, focando nas perspectivas de cortes de juros pelo Federal Reserve.
Alphabet sob pressão: receita da nuvem e grandes investimentos em IA
A Alphabet (GOOGL.O), controladora do Google, despencou 7,3% após divulgar um crescimento fraco no segmento de computação em nuvem. Além disso, a empresa anunciou planos para investir um recorde de US$ 75 bilhões em inteligência artificial em 2024, um valor acima das expectativas do mercado, aumentando a pressão sobre suas ações.
Ações ligadas à IA se recuperam
Após uma recente onda de vendas impulsionada pelo entusiasmo em torno do modelo de IA de baixo custo da startup chinesa DeepSeek, algumas ações do setor de tecnologia voltaram a subir. A Nvidia (NVDA.O), que sofreu perdas expressivas na semana passada, saltou 5,4%, enquanto a Broadcom (AVGO.O) avançou 4,3%.
"A demanda por inteligência artificial não desaparecerá, apesar das novidades sobre a DeepSeek. Todos os players precisarão continuar investindo na tecnologia, tornando esse um movimento de longo prazo", afirmou Rob Haworth, estrategista-chefe de investimentos do U.S. Bank Asset Management.
AMD recua após declaração de Lisa Su
As ações da Advanced Micro Devices (AMD.O) caíram 6,3% depois que a CEO Lisa Su alertou que a receita de data centers deve cair 7% neste trimestre. Esse número é visto como um indicador direto da receita da empresa no setor de inteligência artificial.
Foco na macroeconomia: mercado aguarda relatório de empregos
Os investidores estão ansiosos pelos novos dados sobre o mercado de trabalho dos EUA. O relatório de folhas de pagamento não agrícolas de janeiro será divulgado na sexta-feira e pode influenciar as expectativas sobre os próximos passos do Fed.
A economia dos EUA está desacelerando? Um sinal para o Fed ou apenas um freio temporário?
A atividade no setor de serviços dos EUA caiu inesperadamente em janeiro, sugerindo uma retração na demanda do consumidor. Segundo dados divulgados na quarta-feira pelo Instituto de Gestão de Fornecimento (ISM), esse enfraquecimento ajudou a conter as pressões inflacionárias.
Crescimento mais lento: alerta ou boa notícia?
A desaceleração da atividade econômica gerou debates entre economistas e investidores. Alguns temem que os EUA estejam entrando em um ciclo de desaceleração, o que poderia forçar o Fed a agir mais rapidamente com cortes de juros.
"Há preocupações de que o Fed precise afrouxar sua política monetária mais cedo do que o esperado, já que a economia dá sinais de enfraquecimento. No entanto, para os mercados, essa é uma notícia positiva, pois cortes nos juros são exatamente o que eles desejam", explicou Rob Haworth, estrategista sênior do U.S. Bank Asset Management.
Quando esperar uma decisão do Fed?
A próxima reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) está marcada para março. No entanto, de acordo com a ferramenta FedWatch da CME, a probabilidade de um corte na taxa de juros nesse período é baixa, com apenas 16,5% dos traders apostando nesse cenário. As principais expectativas estão concentradas em junho, quando a maioria dos participantes do mercado prevê o primeiro movimento de flexibilização monetária.
Fed considera riscos políticos e econômicos
O presidente do Federal Reserve de Richmond, Thomas Barkin, afirmou que o banco central está inclinado a reduzir as taxas de juros ao longo de 2024. No entanto, ele destacou que a instituição precisará levar em conta diversos fatores externos que podem impactar a economia, incluindo mudanças na política comercial, questões migratórias, novas regulamentações e medidas da administração de Donald Trump.
Diante disso, os mercados financeiros seguem atentos aos sinais econômicos, tentando antecipar o próximo movimento do Fed. A grande questão é a velocidade com que o banco central decidirá cortar juros e o impacto dessa decisão no crescimento econômico.
Bolsas americanas continuam em alta, equilibrando riscos e oportunidades
Os principais índices acionários dos EUA encerraram a quarta-feira em território positivo, mantendo a tendência de valorização, mesmo com um noticiário corporativo e geopolítico misto. O mercado demonstrou um otimismo cauteloso diante dos balanços trimestrais e das expectativas sobre os próximos passos do Fed.
Dow, S&P 500 e Nasdaq avançam
O Dow Jones Industrial Average (.DJI) subiu 317,24 pontos (0,71%), fechando em 44.873,28. O S&P 500 (.SPX) avançou 0,39%, para 6.061,48.O Nasdaq Composite (.IXIC), focado em tecnologia, ganhou 0,19%, encerrando em 19.692,33.
Setores: Imobiliário sobe, Comunicações caem
Dos 11 setores do S&P 500, oito fecharam em alta, com destaque para o setor imobiliário (.SPLRCR). Por outro lado, o setor de serviços de comunicação (.SPLRCL) caiu quase 3%, refletindo a pressão sobre grandes empresas da área.
Apple sob pressão por investigação antitruste na China
As ações da Apple (AAPL.O) recuaram 0,1% após a Bloomberg News relatar que reguladores chineses podem estar investigando a empresa por práticas antitruste. Isso pode agravar as tensões entre a Apple e seu maior mercado asiático, onde a gigante da tecnologia já enfrenta forte concorrência de marcas locais em ascensão.
Uber decepciona investidores: ações despencam 7,6%
As ações da Uber Technologies (UBER.N) caíram 7,6%, pressionadas por uma projeção fraca para o trimestre atual. A empresa registrou um volume de pedidos abaixo das expectativas dos analistas, levantando preocupações sobre seu ritmo de crescimento em um ambiente altamente competitivo.
Fiserv surpreende mercados: ações disparam 7,1%
Por outro lado, a Fiserv (FI.N) animou os investidores. A empresa de tecnologia financeira superou as expectativas com seus sólidos resultados do quarto trimestre. O crescimento na demanda por seus serviços bancários e de pagamentos impulsionou suas ações em 7,1%.
Geopolítica segue no radar: Trump sinaliza escalada na guerra comercial
Os investidores continuam atentos às relações comerciais entre os Estados Unidos e a China. Na terça-feira, Donald Trump afirmou que não tem pressa para negociar com o presidente chinês, Xi Jinping, aumentando os temores de uma possível intensificação do conflito comercial. O anúncio gerou preocupação nos mercados, pois novas tarifas podem exercer pressão sobre a economia global.
Wall Street mantém a calma: índice de volatilidade recua
Apesar das turbulências, o Cboe Volatility Index (.VIX), conhecido como o "termômetro do medo" de Wall Street, caiu 7,9%, para 15,85. Isso indica que, no geral, os investidores ainda confiam na estabilidade do mercado, apesar dos riscos.
Mercados em movimento: 'termômetro do medo' oscila, empresas enfrentam desafios
A tensão persiste nos mercados, com o "termômetro do medo" de Wall Street registrando fortes oscilações. Diversos fatores impulsionam as movimentações dos preços, incluindo tarifas comerciais, riscos inflacionários e os altos custos da inteligência artificial. Os investidores tentam avaliar qual desses desafios terá o maior impacto no curto prazo.
FMC despenca 33,5% após previsões decepcionantes
As ações da FMC Corp (FMC.N) desabaram 33,5% depois que a gigante agroquímica divulgou uma perspectiva sombria para sua receita no primeiro trimestre. A empresa alertou que não atingirá suas expectativas, o que desencadeou uma forte reação negativa no mercado. Foi a maior queda da FMC em uma década, refletindo as preocupações dos investidores sobre a demanda no setor agrícola.
Johnson Controls dispara 11,3% com novo CEO e planos ambiciosos
Na outra ponta, a Johnson Controls (JCI.N) registrou ganhos expressivos, subindo 11,3%. O principal catalisador foi uma mudança inesperada na liderança: a empresa anunciou a nomeação de Joakim Vaidemanis como novo CEO. Além disso, a Johnson Controls elevou sua projeção de lucro para 2025, despertando o interesse dos investidores e fortalecendo sua posição nos setores de construção e engenharia.
Ford enfrenta novos desafios com prejuízos contínuos em veículos elétricos
A montadora Ford Motor (F.N) prevê que sua divisão de veículos elétricos e software registre um prejuízo de US$ 5,5 bilhões em 2024, valor semelhante ao do ano passado, evidenciando desafios na estratégia da empresa para reduzir os custos de produção desses modelos.
A companhia espera atingir rentabilidade em 2025, mas até essa previsão foi considerada fraca em relação às expectativas do mercado. No entanto, a Ford conseguiu registrar um lucro líquido de US$ 1,8 bilhão no quarto trimestre, uma melhora significativa em comparação à perda de US$ 500 milhões no mesmo período do ano anterior, quando os resultados foram impactados pelos altos custos com pensões.
Ford sob ameaça: possíveis tarifas de Trump complicam cenário
Além dos desafios internos, a Ford enfrenta riscos geopolíticos significativos. Donald Trump ameaçou impor novas tarifas sobre as importações do México e do Canadá, o que poderia aumentar drasticamente os custos da montadora com matérias-primas. Se essas medidas forem implementadas, elas não apenas prejudicariam o desempenho financeiro da Ford, mas também poderiam reduzir a demanda por veículos devido ao aumento dos preços.
As ações da empresa já perderam 18% de seu valor nos últimos 12 meses, e os investidores acompanham com apreensão os desdobramentos dessa situação.
Ford aposta nos híbridos enquanto GM acelera nos elétricos
A Ford está ajustando sua estratégia no setor de veículos elétricos, suspendendo temporariamente o lançamento de novos modelos no próximo ano. Enquanto a General Motors (GM.N) expande agressivamente sua linha de elétricos, incluindo o Blazer EV e o Equinox EV, a Ford está focando na tecnologia híbrida — um movimento que, segundo especialistas, pode ser uma grande vantagem nos próximos anos.
Aposta nos híbridos: uma jogada pragmática
O CEO da Ford, Jim Farley, acredita que uma abordagem diversificada para os sistemas de propulsão ajudará a empresa a mitigar os impactos negativos nas vendas, especialmente se a administração Trump acabar com os incentivos fiscais para veículos elétricos.
"A Ford tem a vantagem da flexibilidade. Ao contrário da GM, que está apostando exclusivamente em elétricos a bateria e não lançará modelos híbridos antes de 2027, a Ford já oferece alternativas", explica Garrett Nelson, analista da CFRA Research.
O governo Trump está considerando eliminar o crédito fiscal federal de US$ 7.500, atualmente disponível para alguns veículos elétricos. Caso isso aconteça, a Ford — que aposta nos híbridos — estará em uma posição mais favorável do que a GM, que depende exclusivamente de veículos totalmente elétricos.
Ford sob pressão: novas tarifas dos EUA sobre produtos do México e do Canadá
A Ford foi a primeira grande montadora a divulgar resultados financeiros após Trump assinar uma ordem executiva impondo tarifas de 25% sobre importações do México e do Canadá. Se implementada, essa medida poderia afetar toda a indústria automotiva dos EUA, incluindo Ford, GM e Stellantis (STLAM.MI).
No entanto, após negociações com líderes canadenses e mexicanos, o presidente adiou a aplicação das tarifas por um mês, dando tempo às montadoras para se ajustarem e, possivelmente, negociarem uma forma de minimizar o impacto no setor.
Como as tarifas podem afetar a Ford?
Se as tarifas entrarem em vigor, elas poderão afetar a produção de modelos essenciais da Ford, como:
- Ford Maverick – uma picape acessível e popular fabricada no México;
- Ford Bronco Sport – um SUV compacto produzido fora dos EUA;
- Mustang Mach-E – um crossover elétrico também fabricado no México.
Apesar dos desafios, analistas apontam que, entre as três grandes montadoras de Detroit (Ford, GM e Stellantis), a Ford é a menos vulnerável às novas restrições comerciais. Isso porque GM e Stellantis produzem modelos altamente lucrativos fora dos EUA, tornando-as mais suscetíveis a uma guerra comercial.
Híbridos, tarifas e um futuro incerto
A Ford enfrenta uma situação difícil, mas não sem saída. Por um lado, seu foco em híbridos pode ajudá-la a resistir a mudanças na política tributária e a se manter competitiva. Por outro, as tarifas criam novos desafios para a cadeia de suprimentos, tornando os veículos mais caros e potencialmente reduzindo a demanda.
Agora, investidores aguardam os próximos passos da Casa Branca e a resposta das montadoras às mudanças iminentes na indústria automotiva.