Rumores sobre tarifas mútuas e um novo abalo na confiança do consumidor desencadearam a segunda pior liquidação do S&P 500 neste ano. Embora os investidores ainda mantenham grandes volumes de ações dos EUA, a ameaça de uma recessão, impulsionada pela política tarifária da Casa Branca, está forçando a venda de ativos considerados tóxicos. Isso pode resultar em uma correção significativa no índice amplo de ações.

Dinâmica diária do S&P 500

Os mercados acionários dos Estados Unidos iniciaram 2025 com um alto nível de otimismo. No entanto, o primeiro trimestre acabou sendo o pior para o S&P 500, em comparação com os índices europeus, desde 2015. Não é exagero dizer que os investidores na Europa já acumulam uma perda de 13%, considerando tanto a queda do índice acionário amplo quanto o enfraquecimento do dólar frente ao euro.

Eles só têm a si mesmos para culpar. No final de 2024, a participação de ações americanas em mãos de não residentes atingiu 20%, contra 7% no início do século. Além disso, a fatia das ações dos EUA nos índices acionários globais saltou de 47% em 2008 para 72%! A retribuição por tanto entusiasmo com a suposta excepcionalidade americana era apenas uma questão de tempo.

A participação das ações dos EUA nos índices de ações globais

Mas o que impulsionou o crescimento das ações americanas? Podemos atribuí-lo ao crescimento anêmico dos índices acionários no exterior, à rápida expansão da economia dos EUA e ao aumento dos lucros corporativos, impulsionado pelas tecnologias de inteligência artificial. Mesmo após a recente onda de liquidação, o S&P 500 acumula uma alta de 170% na última década. Em comparação, o FTSE 100 do Reino Unido subiu apenas 30%. Os EUA simplesmente não tinham concorrência.

Isso mudou em 2025, especialmente na Europa. Pela primeira vez em anos, o interesse por ações emitidas no Velho Continente não se deve apenas ao seu baixo múltiplo preço/lucro (P/L). O estímulo fiscal da Alemanha eleva as expectativas de um impulso econômico, enquanto a crença no fim iminente do conflito armado na Ucrânia pode reduzir os riscos geopolíticos na região.

No entanto, o EuroStoxx 600 deve cair junto com o S&P 500 até o final de março, devido aos temores em relação às tarifas de importação. Segundo fontes do Wall Street Journal, o humor de Donald Trump voltou a oscilar. Em um momento, ele anuncia tarifas mútuas menos severas do que os investidores esperavam; logo depois, retoma a ideia de tarifas universais e especula sobre quais devem ser as alíquotas. Esse último tipo de tarifa representa um risco muito maior para o colapso do comércio internacional e da economia global do que as tarifas recíprocas.

Outra queda nas expectativas dos consumidores dos EUA para o seu nível mais baixo desde 2022, juntamente com um aumento na inflação esperada, pinta um cenário de estagflação para a economia dos EUA.

Tecnicamente, no gráfico diário do S&P 500, o sucesso do ataque dos "ursos" aumenta os riscos de uma nova tendência de baixa, em vez da consolidação prevista anteriormente na faixa de 5.500 a 5.790. Seria prudente manter as posições vendidas abertas durante o aumento para a borda superior e depois adicionadas a partir de 5.670.